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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

À procura da baqueta perfeita




Como escolher suas baquetas? Quais são as melhores madeiras de baquetas? Baquetas nacionais são boas? E as madeiras brasileiras?


“É impossível construir uma carreira como baterista sem destruir várias delas” – alguém já disse. Concordo plenamente, mas este processo pode se tornar bem menos destrutivo se observarmos alguns detalhes importantes sobre a escolha da baqueta que vamos usar.


Por Robson Caffé


Parafraseando a música cheia de groove do Rapper Marcelo D2, decidi batizar este texto de “À procura da baqueta perfeita”.

Para uma execução perfeita de um groove, muitos se preocupam com a agilidade, performance visual e limpeza do som. Tudo isso é válido e requer horas de estudo, disciplina e dedicação. Entretanto, para quem fica horas estudando ou tocando nos palcos, além do aquecimento e alongamento, um fator que não deve ser ignorado é a escolha da baqueta ideal.


Este é um assunto que, assim como a procura pelo timbre perfeito, talvez não tenha fim, mas através deste texto pelo menos teremos um bom começo!

Como baterista e também na função de Especialista e desenvolvedor de Produtos das Baquetas ALBA, pude conviver de forma intensa com todas as fases do processo de escolha da matéria-prima, classificação, produção e acabamento desta ferramenta, que se torna uma extensão do baterista e que escolhida da forma adequada, pode evitar uma série de aborrecimentos que vão desde a quebra precoce da baqueta até lesões ou tendinites ao baterista.


Tudo começa na escolha do modelo: Mesmo tendo referência de um baterista de quem você é fã, não se deixe influenciar pelo modelo de baquetas que ele usa. Permita-se testar vários modelos, madeiras, diâmetros e comprimentos diferentes. Cada ser humano é diferente e tem uma extensão de movimentos, aplicação e distribuição de força e características muito peculiares de mobilidade. O corpo impõe alguns limites que devem ser respeitados. A agilidade, a velocidade e a técnica são aprimoradas gradativamente e a extensão deste limite está diretamente vinculada ao compromisso que cada um tem com sua rotina de estudos.




Cada madeira ou ponta de baqueta projeta um som diferente: As variações de timbre são perceptíveis quando usamos baquetas de pontas diferentes. Além da diferença entre  as pontas de Nylon e Madeira, existe uma grande diferença provocada pelo formato da ponta. Isso acontece devido ao que chamamos de “zona de contato”. Baquetas com a ponta mais arredondada (ponta bola) projetam bem o agudo “ping” dos pratos e peles.

Entretanto, se você busca um som de peles mais encorpado, as pontas mais indicadas são as em forma de “flecha”, “semente” e “barril”. O som das peles vem de forma mais vigorosa e com maior projeção sem que a pele sofra tanta fadiga como quando é tocada com baquetas de ponta arredondada. Isso é facilmente percebido pelas ondulações que se formam na pele. Se você procura um equilíbrio entre um “ping” definido e um som mais “gordo” dos tambores, as pontas “semente” e “flecha” são as mais indicadas, por serem versáteis.


Alinhamento, balanço, peso e centro de gravidade: Tocar com uma baqueta desalinhada, empenada e com peso diferente pode provocar lesões, tendinites, fadiga precoce, além da quebra da baqueta. Todos estes fatores podem ser bastante desagradáveis, mas perfeitamente evitáveis.

Com esta preocupação, cada uma das baquetas que são enviadas às lojas passam por um processo de classificação por: Peso – Onde cada baqueta tem exatamente o peso do par que está na mesma embalagem; Alinhamento – Onde o eixo entre a ponta e o cabo da baqueta deve estar perfeito e o “pescoço” da baqueta não deve apresentar nenhuma oscilação; Centro de Gravidade – Devido à formação das fibras da madeira, conforme a densidade, cada baqueta tem variações em seu Centro de Gravidade. Quanto uma baqueta tem fibras menos densas no cabo, tendem a ficar mais pesadas na ponta. Durante o processo de classificação, o Centro de Gravidade é analisado e finalmente, após esta análise, os pares são separados e embalados.




Vamos agora tratar de um assunto polêmico: Qual a melhor madeira?

- A intenção não é levantar uma bandeira defendendo alguns tipos de madeira, pois isso ressuscitaria a eterna comparação entre “Nacionais x Importados” e este não é o foco.

Com a ajuda de técnicos do IBAMA e da EMBRAPA, fiz uma pesquisa sobre as principais madeiras com as quais trabalhamos e consegui extrair algumas peculiaridades que merecem ser compartilhadas:


GUAÇATONGA

Devido às características na formação das fibras desta madeira e por requerer pesquisa e ferramentas especiais para torneamento, o uso desta madeira em instrumentos musicais é uma exclusividade das Baquetas Alba.

Por se tratar de uma árvore de pequeno porte e não produzir toras de madeira muito grandes, embora de boa qualidade para trabalhos de tornearia, após um longo período de pesquisa, as baquetas Alba adotaram como madeira principal a Guaçatonga, por possuir densidade superior ao Pau-Marfim e ao Pinus – madeiras normalmente utilizadas pela maioria dos fabricantes nacionais de baquetas – tornando as baquetas de Guaçatonga um grande atrativo, principalmente pela regularidade na formação das fibras, sua elegância, possibilidade de acabamento requintado e uniformidade de coloração da madeira.

Quanto à durabilidade, comparada ao Pau-Marfim e ao Pinus, a Guaçatonga é muito superior, principalmente por apresentar excelente resistência, balanço e quando torneada, seu nível de empeno é inexistente.


Consciência ecológica: Por seu pequeno porte e elegância a Guaçatonga tem sido constantemente utilizada em plantios de recuperação ambiental, pela sua rusticidade e crescimento relativamente rápido.


JATOBÁ

É considerada uma madeira pesada, devido à sua alta densidade (0.96 g/cm3) e por isso seu nível de empeno e deformidades é praticamente inexistente. É excelente para ser torneada e aceita facilmente polimento e verniz, garantindo um acabamento primoroso a sua cor marrom-avermelhada.

Quanto à durabilidade, o Jatobá é considerado uma madeira de alta resistência a fungos e cupins e possui uma extensa zona plástica (ponto de elasticidade e desgaste até seu ponto de ruptura), o que torna a baqueta de Jatobá muito atraente para o músico que busca maior durabilidade e precisão, proporcionada pelo peso, densidade e excelente balanceamento desta madeira.


Consciência ecológica: A árvore de Jatobá é de fácil multiplicação e faz parte dos programas de reflorestamento heterogêneos, de onde vem toda a matéria-prima utilizada na fabricação das Baquetas ALBA.


JATAÍ

Assim como o Jatobá é considerada uma madeira de alta densidade (0.85 g/cm3), com nível de empeno e deformidades é praticamente inexistente. Permite um acabamento primoroso e atraente, pela observação de seus veios com tonalidade marrom clara e avermelhada, muito parecida com o Jatobá, árvore da mesma família.

A durabilidade do Jataí é grande, por possuir uma extensa zona plástica (ponto de elasticidade e desgaste até seu ponto de ruptura). Este diferencial torna a baqueta de Jataí ideal para músicos que usam a baqueta por um longo período, principalmente por seu peso e balanceamento serem confortáveis em seu manuseio.


Consciência ecológica: O Jataí, assim como o Jatobá tem fácil multiplicação e sua extração é 100% feita em áreas de programas de reflorestamento.
Agora, conhecendo algumas características importantes sobre as madeiras e informações importantes sobre os critérios de seleção e construção de cada baqueta, não poderia deixar de repassar algumas dicas importantes que também facilitarão na escolha da sua baqueta, como um atalho na “procura da baqueta perfeita”:


Analise com cuidado a relação das medidas: Comprimento / Diâmetro. Além de influenciar no peso da baqueta, existe o aspecto ergonômico, que é o conforto na hora de tocar. Além destas questões, observe também o caimento do “pescoço” da baqueta, pois isso também influencia na execução de grooves usando sons de pele e borta dos tambores (rim shots), como sons apenas de aro. A escolha de uma baqueta mais fina pode determinar uma fadiga precoce do material.




Dicas importantes para conservação e hora da troca de sua baqueta:

Agora, conhecendo um pouco mais sobre os efeitos de usar um par desalinhado, desbalanceado, empenado ou com centro de gravidade diferente, outro fator que não podemos deixar de mencionar é sobre o desgaste natural decorrente do uso das baquetas. O mais recomendado é que tenha sempre mais de um par do mesmo modelo (já que alguns bateristas optam por modelos diferentes para estudo ou para tocar determinados estilos musicais – devido à necessidade do uso de rim shots ou por causa da ponta da baqueta (no caso dos que exploram muito o “ping” dos pratos de condução).

Ao perceber que o pescoço da baqueta está começando a sofrer desgaste por seu uso, procure sempre variar entre a baqueta da mão esquerda e direita. Havendo mais baquetas na mesma condição, procure sempre usar pares equivalentes. Assim, suas baquetas terão sempre peso e formato equivalente, minimizando também o seu desgaste físico. Isso também determina a hora de adquirir um novo par.
  
fonte musictube

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