Como escolher suas baquetas? Quais são as melhores madeiras de baquetas? Baquetas nacionais são boas? E as madeiras brasileiras?
“É impossível construir uma carreira como baterista
sem destruir várias delas” – alguém já disse. Concordo plenamente, mas este
processo pode se tornar bem menos destrutivo se observarmos alguns detalhes
importantes sobre a escolha da baqueta que vamos usar.
Por Robson Caffé
Parafraseando a música cheia de groove do
Rapper Marcelo D2, decidi batizar este texto de “À procura da baqueta
perfeita”.
Para uma execução perfeita de um groove, muitos se
preocupam com a agilidade, performance
visual e limpeza do som. Tudo isso é válido e requer horas de estudo,
disciplina e dedicação. Entretanto, para quem fica horas estudando ou
tocando nos palcos, além do aquecimento e alongamento, um fator que não
deve ser ignorado é a escolha da baqueta ideal.
Este é um assunto que, assim como a procura pelo
timbre perfeito, talvez não tenha fim, mas através deste texto pelo menos
teremos um bom começo!
Como baterista e também na função de Especialista e
desenvolvedor de Produtos das Baquetas ALBA, pude conviver de forma
intensa com todas as fases do processo de escolha da matéria-prima,
classificação, produção e acabamento desta ferramenta, que se torna uma
extensão do baterista e que escolhida da forma adequada, pode evitar uma série
de aborrecimentos que vão desde a quebra precoce da baqueta até lesões ou
tendinites ao baterista.
Tudo começa na escolha do modelo: Mesmo tendo
referência de um baterista de quem você é fã, não se deixe influenciar pelo
modelo de baquetas que ele usa. Permita-se testar vários modelos, madeiras,
diâmetros e comprimentos diferentes. Cada ser humano é diferente e tem uma
extensão de movimentos, aplicação e distribuição de força e características
muito peculiares de mobilidade. O corpo impõe alguns limites que devem ser
respeitados. A agilidade, a velocidade e a técnica são aprimoradas
gradativamente e a extensão deste limite está diretamente vinculada ao
compromisso que cada um tem com sua rotina de estudos.
Cada madeira ou ponta de baqueta projeta um som
diferente: As
variações de timbre são perceptíveis quando usamos baquetas de pontas
diferentes. Além da diferença entre as pontas de Nylon e Madeira,
existe uma grande diferença provocada pelo formato da ponta. Isso acontece
devido ao que chamamos de “zona de contato”. Baquetas com a ponta mais
arredondada (ponta bola) projetam bem o agudo “ping” dos pratos e peles.
Entretanto, se você busca um som de peles mais
encorpado, as pontas mais indicadas são as em forma de “flecha”, “semente” e
“barril”. O som das peles vem de forma mais vigorosa e com maior projeção sem
que a pele sofra tanta fadiga como quando é tocada com baquetas de ponta
arredondada. Isso é facilmente percebido pelas ondulações que se formam na
pele. Se você procura um equilíbrio entre um “ping” definido e um som mais
“gordo” dos tambores, as pontas “semente” e “flecha” são as mais indicadas, por
serem versáteis.
Alinhamento, balanço, peso e centro de gravidade: Tocar com
uma baqueta desalinhada, empenada e com peso diferente pode provocar lesões,
tendinites, fadiga precoce, além da quebra da baqueta. Todos estes fatores
podem ser bastante desagradáveis, mas perfeitamente evitáveis.
Com esta preocupação, cada uma das baquetas que são
enviadas às lojas passam por um processo de classificação por: Peso – Onde cada
baqueta tem exatamente o peso do par que está na mesma embalagem; Alinhamento –
Onde o eixo entre a ponta e o cabo da baqueta deve estar perfeito e o “pescoço”
da baqueta não deve apresentar nenhuma oscilação; Centro de Gravidade – Devido
à formação das fibras da madeira, conforme a densidade, cada baqueta tem
variações em seu Centro de Gravidade. Quanto uma baqueta tem fibras menos
densas no cabo, tendem a ficar mais pesadas na ponta. Durante o processo de classificação,
o Centro de Gravidade é analisado e finalmente, após esta análise, os pares são
separados e embalados.
Vamos agora tratar de um assunto polêmico: Qual a
melhor madeira?
- A intenção não é levantar uma bandeira defendendo
alguns tipos de madeira, pois isso ressuscitaria a eterna comparação entre
“Nacionais x Importados” e este não é o foco.
Com a ajuda de técnicos do IBAMA e da EMBRAPA, fiz
uma pesquisa sobre as principais madeiras com as quais trabalhamos e consegui
extrair algumas peculiaridades que merecem ser compartilhadas:
GUAÇATONGA
Devido às características na formação das fibras
desta madeira e por requerer pesquisa e ferramentas especiais para torneamento,
o uso desta madeira em instrumentos musicais é uma exclusividade das Baquetas
Alba.
Por se tratar de uma árvore de pequeno porte e não
produzir toras de madeira muito grandes, embora de boa qualidade para trabalhos
de tornearia, após um longo período de pesquisa, as baquetas Alba adotaram como
madeira principal a Guaçatonga, por possuir densidade superior ao Pau-Marfim e
ao Pinus – madeiras normalmente utilizadas pela maioria dos fabricantes
nacionais de baquetas – tornando as baquetas de Guaçatonga um grande atrativo,
principalmente pela regularidade na formação das fibras, sua elegância,
possibilidade de acabamento requintado e uniformidade de coloração da madeira.
Quanto à durabilidade, comparada ao Pau-Marfim e ao
Pinus, a Guaçatonga é muito superior, principalmente por apresentar excelente
resistência, balanço e quando torneada, seu nível de empeno é inexistente.
Consciência ecológica: Por seu
pequeno porte e elegância a Guaçatonga tem sido constantemente utilizada em
plantios de recuperação ambiental, pela sua rusticidade e crescimento
relativamente rápido.
JATOBÁ
É considerada uma madeira pesada, devido à sua alta
densidade (0.96 g/cm3) e por isso seu nível de empeno e deformidades é
praticamente inexistente. É excelente para ser torneada e aceita facilmente
polimento e verniz, garantindo um acabamento primoroso a sua cor
marrom-avermelhada.
Quanto à durabilidade, o Jatobá é considerado uma madeira de alta resistência a fungos e cupins e possui uma extensa zona plástica (ponto de elasticidade e desgaste até seu ponto de ruptura), o que torna a baqueta de Jatobá muito atraente para o músico que busca maior durabilidade e precisão, proporcionada pelo peso, densidade e excelente balanceamento desta madeira.
Quanto à durabilidade, o Jatobá é considerado uma madeira de alta resistência a fungos e cupins e possui uma extensa zona plástica (ponto de elasticidade e desgaste até seu ponto de ruptura), o que torna a baqueta de Jatobá muito atraente para o músico que busca maior durabilidade e precisão, proporcionada pelo peso, densidade e excelente balanceamento desta madeira.
Consciência ecológica: A árvore de Jatobá
é de fácil multiplicação e faz parte dos programas de reflorestamento
heterogêneos, de onde vem toda a matéria-prima utilizada na fabricação das
Baquetas ALBA.
JATAÍ
Assim como o Jatobá é considerada uma madeira de
alta densidade (0.85 g/cm3), com nível de empeno e deformidades é praticamente
inexistente. Permite um acabamento primoroso e atraente, pela observação de
seus veios com tonalidade marrom clara e avermelhada, muito parecida com o
Jatobá, árvore da mesma família.
A durabilidade do Jataí é grande, por possuir uma extensa zona plástica (ponto de elasticidade e desgaste até seu ponto de ruptura). Este diferencial torna a baqueta de Jataí ideal para músicos que usam a baqueta por um longo período, principalmente por seu peso e balanceamento serem confortáveis em seu manuseio.
A durabilidade do Jataí é grande, por possuir uma extensa zona plástica (ponto de elasticidade e desgaste até seu ponto de ruptura). Este diferencial torna a baqueta de Jataí ideal para músicos que usam a baqueta por um longo período, principalmente por seu peso e balanceamento serem confortáveis em seu manuseio.
Consciência ecológica: O Jataí, assim
como o Jatobá tem fácil multiplicação e sua extração é 100% feita em áreas de
programas de reflorestamento.
Agora, conhecendo algumas características importantes sobre as madeiras e informações importantes sobre os critérios de seleção e construção de cada baqueta, não poderia deixar de repassar algumas dicas importantes que também facilitarão na escolha da sua baqueta, como um atalho na “procura da baqueta perfeita”:
Agora, conhecendo algumas características importantes sobre as madeiras e informações importantes sobre os critérios de seleção e construção de cada baqueta, não poderia deixar de repassar algumas dicas importantes que também facilitarão na escolha da sua baqueta, como um atalho na “procura da baqueta perfeita”:
Analise com cuidado a relação das medidas:
Comprimento / Diâmetro. Além de influenciar no peso da baqueta, existe o
aspecto ergonômico, que é o conforto na hora de tocar. Além destas questões,
observe também o caimento do “pescoço” da baqueta, pois isso também influencia
na execução de grooves usando sons de pele e borta dos tambores (rim shots),
como sons apenas de aro. A escolha de uma baqueta mais fina pode determinar uma
fadiga precoce do material.
Dicas importantes para conservação e hora da troca
de sua baqueta:
Agora, conhecendo um pouco mais sobre os efeitos
de usar um par desalinhado, desbalanceado, empenado ou com centro de gravidade
diferente, outro fator que não podemos deixar de mencionar é sobre o desgaste
natural decorrente do uso das baquetas. O mais recomendado é que tenha sempre
mais de um par do mesmo modelo (já que alguns bateristas optam por
modelos diferentes para estudo ou para tocar determinados estilos musicais –
devido à necessidade do uso de rim shots ou por causa da ponta da baqueta (no
caso dos que exploram muito o “ping” dos pratos de condução).
Ao perceber que o pescoço da baqueta está começando
a sofrer desgaste por seu uso, procure sempre variar entre a baqueta da mão
esquerda e direita. Havendo mais baquetas na mesma condição, procure sempre
usar pares equivalentes. Assim, suas baquetas terão sempre peso e formato
equivalente, minimizando também o seu desgaste físico. Isso também
determina a hora de adquirir um novo par.
fonte musictube